sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Injustiças

Injustiças. Duas. Lamento não ter escrito sobre isso já ontem, mas a correria das provas finais não permitiu. Enfim, primeiro tratemos da injustiça que aconteceu na madrugada de quarta (3/12) para quinta (4/12) dessa semana: após o Sport Club Internacional conquistar o título da Copa Sul-americana, feito inédito para um clube brasileiro, seus torcedores foram comemorar na Goethe. Normal, absolutamente normal. Em Porto Alegre, até título de Playstation se comemora na Goethe; é uma espécie de hábito. Sou até a favor de mudar o nome da Goethe pra "Avenida dos Campeões". Mas, continuando: devido à importância de tal conquista, não é difícil imaginar que a comemoração se prolongaria até perto do meio-dia do dia seguinte. Seria bonito ver uma nação imensa como a colorada festejando por seu time. Bonito e raro. Seria. No entanto, por volta das 4 horas da manhã, teve início uma confusão, e a polícia interviu. Segundo o relato dos presentes, não se restringiu a intervir na baderna: atacou a multidão e botou um fim na festa. Essa foi a primeira injustiça, pois o papel da polícia é garantir a segurança da comunidade, zelando por seu bem estar e seus direitos. Não cabe à BM, nem à Civil, nem mesmo ao Exército, dizer à população onde ela deve estar, a que horas ela deve estar, com quem ela deve estar. Como foi dito, 99,9% de quem estava ali comemorando sequer sabia o motivo da intervenção. Além de injustiça, é uma tremenda covardia atacar e/ou ameaçar cidadãos inocentes, desarmados. Não é para isso que queremos uma instituição armada andando pelas ruas da nossa cidade.
A segunda injustiça, embora esteja relacionada com a primeira, é atemporal: ela sempre existiu, nunca enfraqueceu, nunca foi citada. Refere-se justamente à torcida rival da colorada. Os acontecimentos da madrugada supra-citada causaram uma boa parcela de indignação e espaço para debates no mainstream da mídia portoalegrense, toda posicionada contra a ação da Brigada. Está correto, merece mesmo destaque. Mas o que aconteceria se quem estivesse envolvida fosse a torcida gremista? Será que teria o mesmo espaço para debate, e será que a opinião da imprensa seria a mesma? Não creio. Desde o surgimento do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, o único dos gigantes gaúchos que tem orgulho em ostentar o nome da cidade, em toda conquista importante a massa tricolor sempre vai à Goethe comemorar, a comemoração sempre entra madrugada a dentro, sempre há uma confusão, a polícia sempre age exatamente como agiu com os torcedores do Internacional, e a torcida gremista sempre sai como a vilã ("Bando de vândalos!!!", é o que sempre diz o nosso querido Pedro Ernesto Denardin), enquanto os policiais que praticaram a covardia sempre saem como os salvadores da pátria. Dessa vez, curiosamente tratando-se de torcedores do clube preferido da imprensa, o discurso mudou. Por que? Não gosto da parcialidade do jornalismo gaúcho, que aparece até quando o assunto é caso de vida ou morte.

Fica um aviso: mantenham o corpo de seus filhos longe da polícia, mantenham a mente de seus filhos longe da imprensa.

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