sábado, 29 de novembro de 2008

Dom João Becker

Foi há bem mais do que dois anos atrás. Quase três, na verdade. Fazia um calor infernal, o Inter tinha um super time que não ganhava nada, o Grêmio tinha um time de merda que surpreendia todo mundo, uma greve dos professores estava começando... enfim, não mudou muita coisa desde então. O que havia de diferente, quando comparado ao dia de hoje, eram os rostos dos personagens dessa história em dois tempos.

Quem hoje vê esses jovens decididos e calejados não diz que são os mesmos que, naquele dia, reuniam-se em frente ao colégio para conhecê-lo. Assim como quem hoje vê esse colégio opaco e bocejante não diz que é o mesmo Becker. Era muita gente, ali. Pais, amigos, sei lá qual o motivo... só sei que era muito mais do que esperava. Alguns vieram em grupos, conversando alto e rindo. Muitos estavam perdidos, sozinhos, caminhando em volta sem nunca parar ou encontrar o que quer que estivessem procurando. Naquele dia, eu nem imaginava o que aquilo significava, apenas assistia a cena com indiferença e um pouco de tédio (odeio multidões). Não via a hora de sair de lá, pra ser sincero. Bem do meu lado, um retardado rodeado por seu grupinho imitou voz de criança dizendo "Eu quero a minha mãe!", uma voz quase chorosa, que fez todos rirem. Aquele retardado se tornaria o meu melhor amigo. Cara, eu nem imaginava...

Lembro de muitas pessoas importantíssimas hoje que não passavam de figurantes, naquele começo de Março de 2006. Também muitas pessoas que agora sei que estiveram lá, mas que sinceramente não lembro de ter visto. Outras estavam em outros lugares, com outras pessoas, mas, de certa forma, deveriam estar lá (e o destino corrigiu isso nos anos seguintes); estavam lá, em espírito. São muitos os casos, cada um com a sua importância, cada um a seu modo. No entanto, apesar de ser um primeiro encontro, havia um certo grau de melancolia no ar. Como se todos esses jovens, depois de se juntar, perguntassem: "E agora?". E agora? Eu sei lá, cara... eu sei lá.

Não havia comitiva de recepção, nem festa comemorativa, nem sequer um "bem-vindos" à vista logo de cara, mas creio que todos souberam, desde aquele dia, que ali era a sua casa. O próprio ambiente já exaltava isso, não era necessário artifícios visuais ou extravagâncias. Todos estavam ali, de espírito leve, para cumprimentar o Becker, e o Becker também estava ali pra cumprimentá-los. Havia um brilho estranho em cada um - e não do tipo de brilho que algumas pessoas vêem em todos os lugares, com todas as situações, não... era um brilho que jamais voltou a aparecer. Um brilho sincero e palpável, diferente daquele brilho comum que só existe nos olhos de quem vê. Provavelmente, aquela foi a última vez que a alma do velho Becker veio dar oi aos novos alunos.

E pensar que esses anos passaram tão rápido, e hoje nosso ciclo aqui já está acabando... eu vou sentir falta desse lugar, cara. Vou mesmo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Que figura!!!


Ver o Nei dar a última aula do ano de bermudinha e All-Star: Não tem preço.

(foto by Joicinha 302)

Meu molho de chaves

Abrir essa fechadura não tá fácil, mas e daí?

Na semana antecedente ao ato que ocorreu na segunda-feira do dia 24 de novembro, fiquei sabendo do que estava por vir, e tratei de passar de sala em sala, a fim de comunicar o manifesto para os alunos matutinos. Pois é.

Fui, acompanha por pessoas do Grêmio e a professora Margarida, pessoa que nos dá um suporte muito interessante. Interrompi aulas, falei, falei... Falamos como sempre. Conseguimos ônibus com o DCE da UFRGS, através de nosso presidente Samir. Conseguimos dinheiro para faixas, com os alunos. Mas eu, Nathália Bittencurt, não consegui o que queria.

É, eu já previa... Mas quem me conhece sabe, não adianta, eu tenho sempre que ir ver o que há atrás da porta. Ao falar, vi que o que já havia plantado na cabeça de grande parte dos alunos, mal se mexera. Ninguém - calma, soltem as pedras; falo no geral - realmente ouviu o que eu disse. Como se algum professor pedisse "Façam este exercício, que na aula que vem verei e darei nota". Ora, ninguém - calma de novo - vai fazer naquele dia, farão justamente na próxima aula. Infelizmente, pessoas não se interessam. Foram pouquíssimos alunos no protesto, pouquíssimos. Por quê não foram? Eu sei.

Quando há manifestos envolvendo alunos, o que é mostrado na mídia? As brigas. Brigas de? De gente que não vai lá pra gritar por ideal nenhum, não vai cantar e caminhar por melhora nenhuma, não vai lá pra representar nada além de "zonas". E num olhar atravessado com outro estudante, ao julga-lo ser de outra "zona", acaba com qualquer avanço em nosso meio e começa uma discussão, uma briga, dá prato cheio aos repórters, aos verdadeiros interessados por trás, a quem quer intimidar a sociedade dizendo "Olhem, é isso que acontece em protestos, não vejam isso, tranquem seus filhos, comam Ruffles".

Há quem ache que sua presença não moverá uma palha. Então digo: NÃO É indo lá e participar um pouco que conseguiremos depor alguém, mudar a cidade e gritar que vivemos num país melhor, mas são esses atos que cutucam quem está sentado na melhor poltrona dos palácios, é esse barulho nas esquinas da cidade que faz os cidadãos pararem uns cinco segundos pela rua e pensar "Algo está acontecendo, essas pessoas querem mudar algo", e então se ligar de que algo precisa ser feito, e só espera por nós pra apertar o start.

Na quarta-feira seguinte houve novo ato, mas desta vez estadual, em frente ao Palácio Piratini, com muita gente. Estavam ali por sua classe; seus problemas, os professores, como nós alunos também estivemos em março deste ano contra a enturmação, lembram? Pois é, estávamos lá, tentando algo.

No dia em que fui com o colégio, arrisquei-me em cima de uma combi de som, falei algumas coisas, bem não lembro. Mas sei que fui lá por alguém, por algo, por mim mesma, por acreditar ser essa Nathi de todos que sou. Inspiração? Nei Nordin, que minutos antes me concientizara da sociedade individualista na qual vivemos. Perguntei "Então não tem jeito, sôr?" e ele respondeu: "É mais ou menos por aí."

Agora bem sei, não faço parte disso. Vou e vou, não interessa se a TV me diz que lá há violência (porque sei que, se lá houverem pessoas que saibam o motivo de estarem lá, não haverá txu txá), se talvez eu não tenha êxito. Eu quero é ver o que há atrás da porta.


Nathália Bittencurt.

sábado, 22 de novembro de 2008

Manifestação de segunda-feira (24/11)

Pessoal do turno matutino!

Obrigada às pessoas que colaboraram com as faixas para o protesto!

Informamos que o ônibus para irmos foi confirmado, e quem estiver disposto deve estar em frente ao colégio por volta de 12h 45, logo, sugerimos que fiquem no colégio após o término das aulas e levem lanches a fim de almoçar lá mesmo.

Repito, é muito importante a presença de cada um de vocês!

Nathália Bittencurt

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Yeda e Obama


Já não é de hoje que a Yeda se envolve em conflitos com os professores. Talvez, aliás, esse seja o ápice dos confrontos, como disse um dos caras mais sábios que conheço: "Se essa greve não der certo, o Magistério acabou.". Não discordo dele, até porque o mesmo tem décadas a mais de experiência do que eu em política e educação. Também apóio a greve, também acho uma sacanagem o que ela tá fazendo. Mas acho que o modo com que grande parte das pessoas está encarando isso tudo está errado. Vêem a Yeda como um opressor natural, um monstro que se instalou, repentinamente, no governo do estado. Esquecem-se que ela não está lá por obra de um golpe de estado, nem por indicação direta de uma autoridade superior, nem reivindicando direitos divinos. Esquecem-se que ela chegou lá graças à escolha da maioria dos gaúchos, em uma eleição (até que se prove o contrário) legítima. Esquecem-se que, não fosse o nosso apoio, ela não teria hoje a proteção dos criticados Mendes e Marisa. Isso é preocupante.
Não basta que os transformemos em monstros, em demônios. Não basta atacá-los. Pelo menos não para mim... podem me chamar de louco, utópico, ou seja lá o que for, mas para mim o mais importante é que tomemos consciência que foi graças à nossa ignorância e inocência que ela chegou lá. Ou, como uma amiga disse, foi graças a "um ataque de burrice aguda que deu na população". Também estou muito insatisfeito com a situação em que estamos, e é justamente por isso que acho extremamente importante que toda a "nata" intelectual do Rio Grande do Sul revise os seus conceitos. Sim, pois a eleição da Yeda não foi um fenômeno de massa, como o Lula ou o funk, e sim um acontecimento fortemente sustentado pelos "pensadores" do nosso estado. "- Uma mulher no governo, uma mulher no governo!", era o que gritavam, histéricos, os geniais alunos do nosso brilhante Ensino Médio. E, se alguma desavisada alma ousasse contradizê-los, a única resposta que recebia era uma lembrança honrosa à sua mãe, seguido da palavra "machista" e mais 49 sinônimos dessa palavra. Era só o que sabiam: que queriam uma mulher no governo, e que quem discordava era machista e não merecia ser ouvido. Queriam porque queriam uma mulher no governo. Tiveram o que queriam.
Foi essa onda de ignorância extrema dos nossos novos burgueses que avalizou a posse de Yeda. Curiosamente, são esses mesmos novos burgueses que hoje tanto criticam essa mesma Yeda. Aí está uma pergunta que não sai da minha cabeça: por que a apoiaram, então? Terá sido porque ela era uma mulher? Acho que é uma resposta aceitável. O que me preocupa é que ninguém, ninguém, ainda se deu conta disso: que a Yeda é o que é hoje porque faltou esclarecimento político aos eleitores. Usaram do pretexto da liberdade acima de tudo para deixar que pessoas totalmente sem embasamento no assunto se pronunciassem. Me chamem de fascista se quiserem, mas para mim uma pessoa só pode expressar uma opinião quando ela TEM uma opinião formada sobre o que vai falar. E, por "opinião formada", entenda algo baseado em fatos e reflexões, e não um amontoado de frases clichês apanhadas em uma musiquinha fofinha do Chico Buarque. Quando um presidente vai nomear seus ministros, sempre cobramos dele a escolha de pessoas que entendam do assunto... porém, curiosamente, deixamos pessoas que não entendem nada de política escolher a nossa governadora. Agora, estamos pagando o preço.
Volto a dizer: minha maior frustração com essa revolta anti-Yeda, é que todos querem cortar o mal pelos galhos, invés de cortar pela raiz. Tratam a Yeda como um fato isolado - um cordeiro que se transformou em lobo quando assumiu o poder - e não notam nossa incompetência em sacar as coisas boas e as coisas ruins dos candidatos. Fazem de tudo pra derrubar a Yeda, mas não fazem nada pra mudar essa mentalidade. Quer ver um fato recente que ilustra isso? Pois então tratemos da eleição nos Estados Unidos. Em cada 50 pessoas, 75 torciam pelo Barack Obama. "- Um negro no governo, um negro no governo!", diziam. Tomo a liberdade de dizer que noventa por cento das (poucas) pessoas que lerão esse texto também torciam por ele. Se você for uma dessas noventa por cento, te pergunto: o que tu sabe do Obama, além dele ser negro? Quais são as propostas dele? Qual o passado político dele? Quais suas inclinações? Você sabe? E o fato de ele ser democrata e o Bush ser republicano é tão relevante quanto a Yeda ser do PSDB e o Olívio do PT. Ou seja: quase nada. É preciso saber um pouco a mais sobre um candidato, além de seu partido. Então, será que você sabe o suficiente sobre ele a ponto de ficar feliz por ter CERTEZA de que vai ser algo bom para o mundo?
Espero, sinceramente, que ao final da era Yeda algo tenha mudado na cabeça dos gaúchos. Muito provavelmente não mudará, mas espero que mude. Espero que aprendamos a lição de que a liberdade, em excesso, pode trazer sérios prejuízos. Ou, como dizia Napoleão Bonaparte: "Tudo tem um limite, até mesmo emoções humanas". Claro que minha sugestão não é abolir o sufrágio universal e voltar ao voto censitário, aliás, longe disso... só quero que vocês, estudantes e jovens, adquiram o hábito de pensar antes de agir. Principalmente nas eleições, onde temos que ser frios e calculistas (frase genial da Bianca!), e não nos deixar levar pela cor ou pelo sexo do candidato: o que importa é o caráter dele e suas propostas, não sua aparência, classe ou credo.
Vocês tem as chaves do futuro, caras... na verdade, vocês são o futuro. Vocês, que já nas próximas eleições (ou nas subseqüentes às próximas) estarão votando, é que podem impedir o surgimento de novas Yedas. Tá tudo em vossas mãos, caras, TUDO.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Provas Finais

Era pra ser divulgado primeiro no jornal impresso mas, como ele provavelmente vai atrasar (é por um bom motivo, tá ficando tri!), já vamos adiantar aqui a lista dos Provões desse ano. As avaliações serão realizadas entre os dias 1 e 5 de dezembro. Anotem a ordem:

MANHÃ
Horário: 1ª prova - das 7:45 às 9:45; 2ª prova - das 10:10 às 12:00.

01/12: Língua Portuguesa e Biologia;
02/12: Física e Espanhol;
03/12: Química e Inglês;
04/12: Matemática e Geografia;
05/12: Literatura e História.


TARDE
Horário: 1ª prova - das 13:30* às 15:30; 2ª prova - das 16:00 às 17:45.

01/12: Biologia e Língua Portuguesa;
02/12: Física e Espanhol;
03/12: Redação e Geografia;
04/12: Química e Inglês;
05/12: Matemática e História.

Não fomos autorizados a divulgar a lista das provas do turno da noite. Tentamos, mas não deu.

Lembrem-se: tomem cuidado para NÃO chegar atrasado. Isso é coisa de aluno do Dom Bosco, não do Becker.
A priori, não haverá mudanças nessas datas.




* Horário suscetível à mudança.